O livro “Meninas pensadoras da Casa de Zabelê” é, antes de tudo, um belo encontro entre a sociopoética e as meninas. Um encontro transbordante de afeto, de criatividade e de imaginação que responde, sobretudo, ao que pode o corpo. Um corpo pode passar por dores, pode representar sentimentos tristes, mas pode ser mutante e, assim, transcender sempre. Crianças e jovens guardam em seus corpos e mentes a imaginação, que pode ser um escudo de proteção contra a dureza da vida, que pode violar seu corpo, pode violar seus direitos de cidadãs. 

As meninas foram empoderadas, pois nesse processo de pesquisa, mostraram sua capacidade artística e intelectual, se transformaram em copesquisadoras, e se transformaram em pensadoras. Foram, assim, protagonistas sociopoetizando a partir de suas experiências pessoais e sociais.  

A originalidade desse livro está em mostrar a voz, o pensamento e, especialmente, a capacidade dessas meninas de serem sujeitas de sua história. O livro é original e criativo por sair do lugar comum de diversos estudos que as retratam vulneráveis, do ponto de vista das mazelas do social, quando tratam essas meninas apenas como seres em situação de pobreza e em atendimento a problemas não resolvidos em seus lares. As meninas podem mais, podem sociopoetizar e ressignificar suas vidas. O livro é um deleite, cara e caro leitor. 

A professora e pesquisadora sociopoeta Dra. Shara Jane Holanda Costa Adad, da Universidade Federal do Piauí, já com vasta experiência nessa rica e profunda metodologia de pesquisa, realizou um trabalho que mostrou a força da sociopoética e conseguiu olhar mais do que meninas marcadas por condições econômicas e pessoais adversas.