O poeta é um rapaz cego, embriagado pela beleza da arte do centro de Salvador. O pescador, um homem muito carrancudo, porém cheio de fé. Se encontram os dois, no meio de um evento que não costuma acontecer na cidade: uma tempestade. A emocionante história dos filhos da Bahia é um reflexo de tudo aquilo que se vê em águas mágicas, abençoada por Iemanjá. 

A tempestade é o encontro do mar e do ar, Encontram-se poeta e pescador, tempestuosos conflitos aquáticos e aéreos. Chocam-se ideias e vivências. Acalmam-se junto com o mar. A gênese, o recomeço. Respeitam as lições da entidade viva falante marinha!

O mar fala. É verde, azul e branco, pois muda sempre, irritado e acolhedor espaço sagrado. Provação divina seguida da benção da sabedoria. O mar tira para dar em dobro. O mar agita para que a maresia não reine. É preciso movimento e desafio para acolher as bênçãos dele. É movido pelo sol, lua e vento, tendo a terra debaixo de si, pois tudo é um só. Arrasta pescador e poeta com os ventos falantes sagrados e antigos que emudeceram os também antigos rituais de contemplação. É o próprio tempo agindo materialmente.