Já faz mais de um ano desde o início da guerra de Rússia e Ucrânia, o que já foi pauta esquecida por muitos, mas com certeza lembrada pelos milhares de ucranianos que vivem esta realidade diariamente.
Durante este tempo vimos o quanto este episódio da história contemporânea afetou a economia, o comercio exterior, a emigração e outros setores importantes do funcionamento socioeconômico, geográfico e social como um todo, mas já paramos para pensar em como isto afeta também a literatura?
Em aspecto geral, todo formato de arte conversa com a sociedade em seu tempo e de forma transtemporal. Por exemplo, na Segunda Guerra o cinema de propaganda, tanto produzido nos EUA quanto na Alemanha, servia para mostrar um motivo para o qual lutar pela defesa de seu país. Assim como o próprio George Orwell, quando lançou dois de seus clássicos, “A Revolução dos Bichos” e “1984”, trouxe problemáticas relacionadas a seu tempo, e que transpassam até os dias hodiernos.
Não é de agora que a arte tem função vultosa na história da sociedade, tanto que estamos presenciando o governo ucraniano remover milhões de livros de bibliotecas públicas, uma vez que estas obras, em sua boa parte eram de autores russos que, segundo a declaração de Yevheniya Kravchuk, uma parlamentar ucraniana: “[…] apoiavam a agressão armada da Rússia contra a Ucrânia”.
Ela ainda complementa, dizendo: “Existe uma lista desses autores que foram sancionados. No geral, a proporção de livros em ucraniano e russo nas bibliotecas é bastante lamentável. É por isso que agora estamos falando sobre a necessidade de renovar as coleções e comprar livros em ucraniano o mais rápido possível”.
Isto nos faz pensar sobre como a literatura é importante para a construção de uma sociedade, e ter livros que enaltecem ou não algo que seja contrário ao que construímos como sociedade precisa ser repensado, uma vez que, às vezes, pode ajudar a impulsionar determinados episódios da história humana.